Máquina de Escrever
Eu te amo e amo o silêncio que sinto quando estou com você.
Não preciso pensar em nada, não preciso fazer nada, não preciso ser nada.
Só você e o silêncio que você traz. A paz. O vazio de não ser e não precisar.
Não falar, não ouvir. Só o calor da pele, o calor da pele e o silêncio.
…
Mas eu odeio quando você vai embora. Odeio quando você vai embora pq é quando a máquina de escrever volta a funcionar.
Tem uma máquina de escrever dentro de mim. Não é poesia, é uma maldição.
Tem uma maldita máquina de escrever dentro de mim que não me deixa viver só por viver e ser feliz.
Ela quer ver drama em tudo, ela quer saber de tudo, quer entender tudo.
E eu não sei responder tudo.
Mas ela invade e explora cada canto da minha memória.
Repete tudo, tudo. Cada palavra, cada olhar, cada risada, cada gesto, cada toque.
Não é saudade, não é romântico, é uma maldição.
…
É sair pela porta pra ela começar a trabalhar.
E eu odeio esse barulho todo da máquina de escrever.
Me dá vontade de nunca mais viver, pra ela não ter mais material de trabalho.
Mas eu não consigo, pq viver é bom.
Dá vontade de nunca mais te ver, pra fingir que eu nunca conheci esse silêncio, pra acreditar que um dia eu vou me acostumar com o barulho da máquina de escrever.
Mas você é bom.
…
A parte ruim é essa minha maldita máquina de escrever.