Filme: Soltera Codiciada (2018)

A Leila escreve aqui
2 min readAug 21, 2021

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Sentada na cama, com o notebook no colo, sem a menor ideia do que fazer da vida e a estranha sensação de que algo extraordinário está para acontecer. Essa sou eu, mas também é a Mafe e poderia muito bem ser você.

Mafê, eu, você e toda garota com idade pra ser cringe.

Não me lembro quando assisti esse filme pela primeira vez, mas provavelmente foi em algum final de semana que não tive match relevante no tinder. Só sei que rolou uma identificação quase catártica com a protagonista e por isso fez todo sentido ir buscá-lo para o meu repertório de protagonistas mulheres inconformadas.

Quero me cercar por referências de histórias que não se encaixam na forma de que o sonho de toda mulher é viver um grande amor. Justamente por isso, fico feliz em dizer que essa história não entrará para o meu repertório.

Momento Bibidi-Bobidi-Bu em que a protagonista está prestes a ganhar 300 seguidores com um post de estreia após 6 anos sem escrever um bilhete de post-it.

Não vai entrar pq é óbvio, é clichê e principalmente pq me vi todinha nele. A decoração da casa, o surto de genialidade e megalomania de começar um blog depois de anos sem escrever como forma catártica de superar o fim de um relacionamento longo, até os momentos de relax com vinho rosé, castanhas, damasco e um vibrador.

Me senti completamente vítima do imaginário da escritora genial que só precisava de um coração partido para despertar seu dom artístico. E quase quase me deixo levar por esse reconhecimento de ser ridícula e desisto (mais uma vez), quase quase. Graças a anos de terapia e um excelente curso de escrita criativa, eu já aprendi a lidar com o fato de que não existem mais histórias (e provavelmente nem pessoas) originais.

Comédias românticas ainda vão me confortar nas fases de tpm e ainda vão me revoltar nas fases de lucidez. E enquanto houver mulheres que, assim como eu, se acham únicas e se identificam em histórias não-originais sobre mulheres únicas que, assim como nós, andam de coturno, meia calça e vestido com seus fones de ouvido pela cidade, ainda haverá bons clichês a serem escritos.

Então, este filme não entrará no meu repertório. Mas deve me servir como um lembrete para não subestimar os dias que se passam antes de uma publicação despretensiosa viralizar na internet (mas vou continuar ensaiando entrevistas sobre meu best-seller de estreia enquanto tomo banho e faço hidratação no cabelo).

Ficha catalográfica — FILME

Título: Soltera Codiciada

Ano de lançamento: 2018, Peru

Diretores: Joanna Lombardi, Bruno Ascenzo

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Gosto de olhar as estrelas e inventar um nome pra cada uma delas.

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